
E assim tudo começou...

Olá! Tudo bem?
Quero te contar de onde surgiu a ideia de trabalhar com registros de memória.
Sou apaixonada pelo que faço! Mergulhar no sonho de quem busca o trabalho é o meu maior desafio e, ao mesmo tempo, o que me dá mais prazer.
Ser Organizador de Memórias pressupõe estimular um vínculo com o contador das histórias para que ele se abra para interagir possibilitando a "leitura" de suas emoções e compreensão do vivido.
Quando se deseja escrever uma história vivida, essa história compõe-se mentalmente e o meu exercício é estimular a transformação da ideia em palavras e, concomitantemente, "desenhar" e ajustar o projeto com o contador das histórias.
Pensando nas tantas questões que envolvem o processo de envelhecimento na vida moderna, a metodologia do Organizador de Memórias vem aliar a organização dos registros de memórias às histórias que eles despertam, em atividades descontraídas e que promovem o bem-estar do participante.
Não há uma história igual a outra e, claro, nem um livro igual ao outro. E essa originalidade revela o potencial criativo do contador das histórias em parceria com o Organizador de Memórias.
Já pensou em escrever um livro, organizando suas fotos e outros registros para aprender técnicas que facilitem a sua comunicação e interação com o mundo cada vez mais tecnológico e ainda deixar registrado seu potencial criativo e sua história?
E foi assim que tudo começou...


O princípio de tudo: da criança no colo do pai ao espelho que hoje reflete ele em mim.
O Organizador de Memórias foi inspirado em tudo que aprendi observando meu pai organizando seu dia-a-dia: documentos, livros e tudo referente à organização financeira. Com ele eu aprendi a organizar e com ele e minha mãe aprendi a organizar histórias e os registros de memória.
E, mais tarde, voltei toda minha formação para ensinar-aprender, organizar espaços e escrever histórias: sou Psicopedagoga, Mestre em Educação, Biblioterapeuta e Personal Organizer, especialista em organização de registros de memórias.
Meu pai era muito organizado. Anotava tudo em sua agenda e dizia que a organização podia tirá-lo de enrascadas no trabalho ou ajudar em alguma questão importante. Aprendeu com seu pai, meu avô. Então registrava tudo, como um diário.
Em casa, guardava documentos em pastas e quando partiu, de repente, não tivemos dificuldades para resolver a burocracia, pois encontramos tudo ali, organizado, tim tim por tim tim.
Em seu arquivo de ferro, em uma das gavetas encontramos uma pasta para cada filho. Foi uma surpresa para todos nós. Eram documentos: desenhos, cartas, fotografias, recortes de jornais, declarações de amor… registros de memória que contavam a nossa história.
Nas conversas em família, quando surgia alguma dúvida, corria (rsrs) e recorria aos seus livros e vinha com a página marcada para nos mostrar a sua pesquisa. Seus livros eram bem organizados. A ponto dele saber exatamente onde encontrar o assunto a pesquisar.
Depois de sua partida, quando minha mãe se sentiu “pronta” para arrumar o armário de meu pai e eu acabara de defender a dissertação do Mestrado e já estava com a certificação como personal organizer, ao abrir as portas encontramos um tesouro: certidões de seus pais, de seus avós, fotografias, seus troféus no iatismo, registro dos seus feitos heroicos, uma enormidade de histórias. Algumas, só ele saberia contar. Outras, minha mãe, ao se deparar com aqueles registros, as histórias vieram à tona e instantaneamente começou a contar.
...
Ao ver aquela cena de minha mãe selecionando fotos e contando o acontecido, lembrei da metodologia utilizada na pesquisa de mestrado e resolvi testar.
Deu certo!
Para (re)criarmos a história vivida como ela gostaria, só a fantasia poderia fazer meu pai despertar para que minha mãe e ele pudessem relembrar o que viveram. E assim fizemos. Criamos um efeito literário para que tanto meu pai como minha mãe pudessem contar a história desde quando se conheceram até o nascimento de cada filho. Dessa forma, pode haver o diálogo entre os dois.
Minha mãe aprendeu a digitalizar as fotos e documentos com seu celular, a enviá-los por email e aprendeu outros recursos. Usamos a literatura para despertar lembranças e escrever histórias. Brincamos. Desta forma, ela pode rever sua história com distanciamento. Selecionou os momentos importantes para guardar na memória. Reestruturou seus pensamentos e reelaborou suas metas de vida.
E assim nasceu o Organizador de Memórias. Um curioso por natureza, de escuta sensível, biblioterapeuta e psicopedagogo, sempre disponível ao cuidado através da literatura e atento ao processo ensino-aprendizagem.
Então, ser um Organizador de Memórias é organizar espaços para tornar sua vida mais leve. É mobilizar-se para a escuta do outro. É emocionar-se, junto, ao escutar histórias e ver o brilho em seus olhos. É oferecer a oportunidade de tornar sua história palpável. É causar surpresa em quem lê o que você destacou e contou. É ouvir você contar as outras histórias que surgiram a partir daquela que criamos. É oportunizar encontros de amores. É oportunizar a finalização de um ciclo. É potencializar seus feitos. É ensinar recursos e técnicas para a criação do livro. É possibilitar a transmissão de ideias e da cultura de seu tempo, de um estilo de vida e de aprendizados para gerações futuras. É incrementar a reunião de família e de amigos. É ouvir histórias contadas através da união das memórias mais importantes que virão à tona no contato com os registros das histórias vividas e organizar a escrita.

Primeiro Livro
Nas primeiras páginas do conto João revive. Neusa narra a história, sonha e conversa com João que mostra, na interação, em suas respostas, o seu modo de pensar, falar e agir.
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Como ela presenteou filhos e netos com o e-book e o livro impresso, reler o livro é sempre uma forma de matar a saudade.
Outros livros vieram e, tecnicamente falando, bem mais elaborados do que esse, o primeiro. Mas não importa. Faço parte dessa história. E quando o peito aperta recorro a ele.
Quero ajudar as pessoas a sentirem a mesma alegria e conforto que minha mãe sentiu ao rememorar e ressignificar a sua história com meu pai. E a alegria que senti, como filha, em receber esse presente que guardarei por toda a minha vida.